06/01/2000

Transição completa... reportando.

Ainda manhã do sexto dia de Regentes, ano de 737 D.F.: concluímos a transição em exatos 28 minutos, sendo que as velas levantaram-se acidentalmente no décimo sexto minuto (segundo o meu cronômetro de bolso, no décimo sétimo), nos propelindo muito rapidamente e perigosamente pelos ares e para cima por quase quarenta segundos até que os marinheiros conseguiram, num ato de força, puxá-las novamente para baixo. Com sorte divina constatamos que as velas passaram intactas pelo incidente. O navio foi ponteando para baixo por mais uns dois minutos até que atingiu os raios termais que nosso comandante estava perseguindo, completamente às cegas. O Capt. Klaas mostrou virtude no timão não permitindo que o barco fugisse ao seu controle, mesmo com as velas hasteadas em plena cascata redômica. Evidentemente, quase toda a tripulação afora eu, o experiente marinheiro Braden de Gratien y Lake, nosso artilheiro e evidentemente nosso capitão entrou em desespero completo quando o barco levantou vôo. Agora estão todos embasbacados olhando o panorama externo do baixo-éter enquanto o capitão está ocupado corrigindo rumos e verificando as pequenas avarias no barco. Ele deve abster-se de escrever por algumas horas enquanto o faz, mas imagino que ele preferirá contar sua visão do incidente pessoalmente após terminar seu ofício, deixando o timão a cargo do primeiro-marinheiro Braden.

Vendo-os admirando a imensidão do éter externo, nem parece que acabaram de passar por uma das experiências mais aterrorizantes de suas vidas. Como os odenianos são fracos assim de memória, não sei. Particularmente, só não me atirei convés abaixo porque já tinha passado por isso em 698 D.F. em viagem às regiões escuras do Éter abaixo de Natal.