17/12/2006

Sobre

Esse é o diario de bordo das desventuras do hábil Cpt. Klaas e seus companheiros de viagem na longa distância do porto de Tércia em Odenheim até a Cidade-Colônia 12 em Calibur, à bordo da corveta de 3 mastros Desbravante. Escrito por Klaas de Vercel e Liam Guerino de Delfina.
Trata-se de um registro fictício de autoria de Bertoche e Blandine, sob o cenário de Mar de Mundos, de muitos criadores e contribuintes.
As datas das postagem são as datas do calendário de Natal, então o texto é mais claro se lido das postagens mais antigas para as mais novas (aqui). Espero que alguns gostem.
Bertoche

15/01/2000

Um contato claro

Klaas é movido a café. Não é possível. Parece que se eu disser a ele há quantas horas ele está no timão, ele vai perceber que está morrendo de cansaço e cair duro ali mesmo. O Braden já está parecendo meio molenga para quem seria um marinheiro legendário, choramingando lá embaixo por causa de um mísero ferimento no braço.

Consegui um contato relativamente claro com a capital. Os operadores me puseram no rádio com um homem chamado Albrecht Conté, que me garantiu que o Monitor estaria saindo com um regimento especial de infantaria que trabalharia rápido no nosso problema. Passei nossas coordenadas com a maior exatidão possível esperando que eles tivessem os mapas atualizados. As regiões do baixo-éter sempre são tomadas como referência geográfica, mas o contorno delas mudaram em 701 D.F. e novamente em 733 D.F., forçando Natal inteira a alterar todos os mapas. Albrecht Conté disse que liderando o monitor estaria o planinauta Cecil, filho de Dea Luken, um velho conhecido de nosso comandante.

13/01/2000

Salitre, carvão e enxofre pelos ares

Estamos fora do alcance deles. Os marinheiros Colm e Daire já estão trabalhando na reposição do leme. Eu nunca tinha visto alguém carregar um leme reserva, então o fiz. Nosso canhoneiro disparou uma peça sem a minha premissão. Isso não deveria ter acontecido, podíamos ter levado ao éter toneladas de pólvora. Mas, o perdôo, não sei se não faria o mesmo depois de ver um velho amigo meu baleado.
Falando nele, Braden está sob os cuidados da srta. Winnie, apesar de contra a minha vontade. Ela deveria estar no convés, para nos avisar no caso de uma aproximação repentina da naum ou do aparecimento de outro navio. Mas agradeço por ter sido só um fragmento a atingí-lo.
Tranquilizo o Sr. Guerino, o informando que temos diesel suficiente pra ir e voltar a Calibur com poucos imprevistos, enquanto o navio ivoriano parece já ter passado por muitos e ter começado a viagem com menos suprimento. Só não devemos nos dar ao luxo de ficar em seu alcance outra vez. Os canhões ivorianos não costumam errar.
Cpt. Klaas

Relato de Combate

A segunda salva veio mais fraca, porém não mais imprecisa. Imagino que esperavam abater-nos com os primeiros tiros. Não podemos sobreviver indefinidamente aqui, nosso combustível acabará e ficaremos estacionados eventualmente, à mercê de mais tiros ou um abalroamento fatal. Fiquei a cargo do rádio e descobri que o santíssimo Monitor acaba de aportar em Odenheim e estará saindo em breve para nos auxiliar - ou recolher nossos cadáveres do limbo, o que parece mais provável neste momento. O capt. Klaas mostra virtude e senso de combate ao esquivar, diligente, dos tiros, mas os motores e turbinas laterais não foram feitos para trabalhar sob esse tipo de constância e pressão. Vejo tudo através de um vidro grosso e verde, da minha posição próximo ao rádio. O mais incrível é que ninguém mais passa nessa rota, nessa época do ano e estando Caliburnus como está. É o fim.

Braden foi atingido no braço por um fragmento de uma bola de canhão que resvalou numa maldita rocha etérica e está fora de combate por completo. Só temos o capitão agora. O barão empreendeu um tiro lateral contra os ivoreanos há uns cinco minutos e parece que alguma coisa deu certo, pois o fogo está suspenso até agora. Espero que ele tenha matado alguém. Alguém importante.

A noite mais cara

Acordei com um estrondo. Demorei pra me convencer de que não era um pesadelo. O suficiente para a Srta. Winnie chegar ao meu quarto com o intuito de me acordar. Meu descanso havia sido longo demais.
Enquanto subia correndo ao convés ainda com traje de sono e só um casaco por cima, a sentinela me reportou o que havia acontecido: apesar de não termos a mínima noção de onde estavam os ivorianos no momento, eles sabiam onde estávamos. E dispararam. A maioria dos tiros, felizmente, foi desviada pelos ventos imprevisiveis do éter. Porém, um havia atingido em cheio o leme. Braden estava no comando disparando com toda a velocidade e contando apenas com os motores laterais para as curvas.
A única hipótese é a de que os ivorianos se desenvolveram mais do que pensávamos. Talvez a nau esteja equipada com um dispositivo de alta tecnologia, chamado Sistema de Detecção e Medição de Distância à rádio, ou dmdr, que Odenheim desenvolveu há muito pouco tempo, e que só foi instalado nos navios mais importates ou mais novos. Esse apetrecho permite detectar a posição e estimar a distância de um alvo sem a nescessidade de contato visual.
Estou guiando a nave alto pra sair logo da linha de tiro da nau e já passamos pela nuvem aonde eu repousei por 7 horas. Agora podemos ver a nau, que está a menos de 4 milhas de nós. Estão disparando outra bateria agora, e em poucos segundos saberemos o quanto estão desgastados os canhões mais acurados de Ivoire.
Cpt. Klaas, 13º

12/01/2000

Sob uma nuvem

Em pouco tempo não mais poderei guiar esta corveta. É muita covardia. Eles devem contar com vários planinautas, enquanto aqui sou só eu,sem dormir há 3 noites, e ainda tendo que ser mais habilidoso que todos eles.
Estou procurando um banco de éter mais consistente para esconder a nossa nave, e quando encontrar passarei o timão ao meu velho amigo Braden. Preciso de uma noite de sono.
Da praça de comando da Corveta Desbravante II em missão de reconhecimento em alto éter.
12º de regentes
Cpt. Klaas de Vercel

Carta à Quimera, Décimo Segundo Dia de Regentes de 737 D.F.

Décimo Segundo Dia da Lua de Regentes do Ano de Nossa-Dama Maeve de Setecentos e Trinta e Sete Depois da Fundação do Reino Eterno e Justo de Odenheim por St. Sigfried e Sua Santíssima Comitiva.

Com a esperança que esta carta alcance Odenheim antes de nós, estamos travando batalha de posicionamento contra a Nau Encouraçada Ivoreana 'Obi'. Pudemos, com as Graças da Senhora, estabelecer contato de rádio com uma privata, que irá procurar estabelecer contato com o monitor Tércia-2 e indicar nossa posição. Nosso capitão, V.S. Capt. Klaas, acredita que 'Obi' porta pólvora caliburana, além de obviamente infringir as leis de tráfego naval passando por rota de propriedade odeniana e sob nossa vigilância, além de ter apontado os canhões para nós muito antes que houvéssemos percebido sua presença.

Humildemente pedimos à Quimera a ajuda e o reconhecimento que necessários forem. Somos uma embarcação de exploração, não de combate, e não sabemos se podemos mantê-los ocupados por muito tempo. Se este combate durar dias, nosso combustível irá acabar e seremos um alvo estacionário para a linha de fogo.

Mantenho esta missiva curta para que possa mais facilmente ser transmitida por Rainer.

Grato,

Ec. Liam Guerino de Delfina